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Charles Robert Darwin (12 de Fevereiro, 1809 - 19 de Abril, 1882) foi o naturalista britânico que fundou as bases e princípios para a actual teoria da evolução. A sua obra, “A Origem das Espécies” (1859), marcou o início de uma revolução científica e foi o começo de uma profunda revisão das concepções filosóficas e religiosas vigentes, tendo sido alvo de grande controvérsia


Darwin nasceu em Shrewsbury, Inglaterra. O seu avô, Erasmus Darwin, foi também cientista e autor de algumas breves concepções evolucionistas que de certa forma anteciparam teorias posteriores. Foi o quinto filho de Robert Waring Darwin e Susannah Wedgwood e perdeu sua mãe aos 8 anos de idade.


O início de sua educação deu-se na Escola de Shrewsbury, sob os cuidados de Dr. Samuel Butler (1773-1839). Em 1825 viajou até Edimburgo para estudar medicina, objectivo que abandonou rapidamente devido à aversão que tinha à cirugia, que na época ainda não era praticada com anestesia. Percebendo sua falta de talento na área, o seu pai enviou-o para Cambridge, para que Charles se tornasse clérigo. Estudou teologia e formou-se em 1831.

Darwin

Charles Robert Darwin


A Vida como Naturalista

Até então, Darwin mantinha um apaixonado interesse pela natureza, especialmente por botânica e entomologia, pelo que coleccionava e estudava várias espécies de plantas e insectos. A sua aptidão para as ciências naturais levou à criação de amizades com vários cientistas ao longo do seu percurso educativo: Robert Edmond Grant e William McGilivray em Edimburgo, John Stevens Henslow e Adam Sedgwick em Cambridge. Em 1831, quando voltou de uma excursão geológica que realizara ao lado de Sedgwick, Charles Darwin recebeu uma carta de Henslow que o convidava para uma viagem organizada pelo império britânico com o fim de cartografar a América do Sul. Darwin aceitou a proposta e no dia 27 de Dezembro de 1832 iniciou a famosa jornada a bordo da embarcação HMS Beagle.


Inicialmente viajou como companheiro do capitão Fitzroy e assumiu o papel de naturalista quando Robert McCormick (o naturalista oficial do Beagle) regressou a Inglaterra. O seu trabalho a bordo da Beagle permitiu-lhe estudar tanto as propriedades geológicas de ilhas e continentes como uma multiplicidade de organismos e fósseis das mais diversas localidades. Por onde passou (América do Sul, Cabo Verde, Nova Zelândia, as Ilhas Galápagos, Austrália, etc.), Charles Darwin coleccionou espécies locais, grande parte ainda desconhecidas, para posterior estudo e análise minuciosa. As novas espécies foram enviadas para o Museu Britânico. Na América do Sul encontrou similaridades entre fósseis de animais extintos e espécies actuais. Nas Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico, notou diferenças entre plantas e animais de espécies idênticas àquelas que coleccionara na América do Sul, para além de constatar que todas as ilhas do arquipélago possuíam tipos próprios de tartarugas e pássaros que divergiam apenas nalguns pormenores anatómicos e de hábitos alimentares.


A jornada de Darwin deve ser vista como um prelúdio indispensável para o trabalho da sua vida. As suas observações acerca das relações entre animais em ilhas e de terras continentais e entre animais vivos e outros recentemente extintos do mesmo ambiente, levaram a uma reflexão profunda sobre as possíveis correlações entre os factos.


A Teoria

Em 1846 Darwin já tinha publicado diversos trabalhos baseados nas suas descobertas durante a viagem e tornou-se secretário da Sociedade de Geologia. Em 1839 Darwin casou-se com a sua prima, Emma Wedgwood, e passou a residir na cidade de Downe a partir de 1842. Durante toda década de 40 o naturalista debruçou-se sobre as observações e colecções feitas a bordo do Beagle, e aos poucos começou a concluir que conjuntos de espécies dividiam um ancestral comum. Quando Alfred Russel Wallace, um naturalista residente nas Índias Orientais, mandou para Darwin, em 1858, o resultado dos seus estudos sobre as bases da teoria da selecção natural, Darwin organizou e reuniu seus escritos que foram apresentados à Linnean Society 1 de Julho de 1858.


“A Origem das Espécies”, a obra mais reconhecida de Darwin, surgiu no ano seguinte e foi veementemente criticado por não dar suporte à versão da criação encontrada no Génesis. A teoria de Darwin sugeria que a selecção natural, o mecanismo pelo qual procede a evolução, sucede de forma alheia às vontades divinas ou a um suposto Criador. Por exemplo, há espécies que têm um número elevado de crias para que todas possam sobreviver, pelo que os descendentes com variações mais favoráveis à sobrevivência no ambiente em que se encontram são selecionados.

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"The Origin of Species by Means of Natural Selection"


A evolução tornou-se uma teoria científica, capaz de resistir aos ataques religiosos ou pseudo-científicos. No entanto, Darwin não explicitou inicialmente que a teoria da evolução se aplicava também aos seres humanos. "Eu acredito que devo evitar este assunto", escrevia Darwin, em 1857. Thomas H. Huxley, um dos principais defensores das ideias de Darwin, não hesitou em publicar o seu “Man Place in Nature” (1863), uma aplicação directa da selecção natural. Darwin seguiu o exemplo e pouco depois tornou disponível duas obras que tratam das similaridades entre homens e animais, “The Descent of Man and Selection in Relation to Sex” (1871) e “Expression of Emotions in Man and Animals” (1872).


No seu último livro, “Insectivorous Plants” (1875) Darwin explorou como um determinado tipo de planta capturava, ingeria e digeria moscas. Os escritos do cientista tiveram uma profunda influência para além do campo das ciências naturais, e chamaram a atenção da ciência da psicologia humana. Sigmund Freud baseou as suas explorações do inconsciente nos princípios levantados por Charles Darwin.


A viagem de Darwin a bordo da embarcação real britânica HMS Beagle está catalogada no “Journal of Researches” (1836). Charles Darwin morreu em Downe, Kent, a 19 de Abril de 1882.