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Botânico e médico português, nascido cerca de 1525 e falecido por volta de 1594 em Espanha. É também conhecido internacionalmente como Cristóbal Acosta. Através das suas obras, difundiu na Europa importantes informações farmacológicas, sobre substâncias e produtos orientais, ainda hoje em uso nas Farmacopeias.

Vida

Cristovao Costa1

Cristóvão da Costa (o Africano, como muitas vezes assinava)

Não se sabe ao certo onde Cristóvão da Costa nasceu (alguns autores afirmam que nasceu em Cabo Verde, outros referem Tânger, Ceuta ou Moçambique), no entanto, sabe-se que viveu em Setúbal e Peniche e pensa-se que terá exercido a profissão de médico em Portugal. O seu excelente espanhol e vasta educação indicam que deverá ter estudado artes e medicina em Espanha, muito provavelmente em Salamanca.

Viajou para as Índias Orientais como soldado, antes de 1550, passando, então, pela Pérsia, Índia, Malaia e, talvez, China. Depois de ter participado nalgumas batalhas ao atravessar alguns dos territórios onde viveu, tendo sido inclusive refém, regressou a Portugal mas não por muito tempo. Juntando-se, novamente, ao seu comandante e protector, Luiz de Ataíde, que fora nomeado vice-rei da Índia, chegou a Goa em Outubro de 1569, poucos meses após a morte de Garcia da Orta, autor em cuja obra se baseou. Em 1569, tornou-se físico e médico do Hospital Real de Cochim, onde tratou grandes febres, como conta num dos capítulos de um dos seus livros. Regressou a Portugal em 1572, tendo depois decidido instalar-se, juntamente com a família, em Burgos, Espanha, tornando-se o físico e cirurgião da cidade, entre 1576 e 1587. Após a morte da sua mulher, retirou-se para a ermida de “La Peña de Tharsis”, onde terá falecido. Foi o primeiro europeu a estudar e divulgar as plantas de Goa e a sua obra conseguiu uma difusão através do mundo que a de Orta não teve.

Obra

Tractado de las drogas

Tractado de las drogas y medicinas de las Índias orientales, sua principal obra

Todas as suas obras foram escritas em espanhol, em linguagem fluida e concisa, embora, mais tarde, tenham sido traduzidas em várias línguas, entre as quais italiano, francês e latim.

O seu primeiro livro publicado foi o Tractado de las drogas y medicinas de las Índias orientales (em 1578), baseado numa obra muito semelhante escrita por Garcia da Orta, registando, contudo, muitas observações que tinham sido omitidas pelo primeiro. Ilustrado com imagens desenhadas com a maior fidelidade pelo autor, elucida o texto e facilita desta forma a identificação das plantas que representam. É um documento científico, artístico e histórico, cuja primeira edição faz parte do espólio da Biblioteca da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.

Para além deste livro, Costa escreveu doze outras obras, entre as quais:

  • Tratado en loor de las mujeres y de la castidad, honestidad, constancia, silencio y justicia, com otras muchas particularidades y varias historias;
  • Tratado en contra y pró de la vida solitária;
  • Discurso del viaje á las Indias orientales y lo que se navega en aquellos mares;
  • Três diálogos teriacales;
  • Tratado de las yerbas, plantas, frutas y animales, así terrenos como aquatiles que en aquellas partes y en la Persia y en la China hay, no dibujadas al natural hasta agora.




Bibliografia

  • Frada, J.J.C. — História, Medicina e Descobrimentos Portugueses, Revista ICALP, vol. 18, Dezembro de 1989;
  • Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal, Tomo VI; Circulo de Leitores (1987);
  • Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.VII; Editorial Enciclopédia, Lda.; Lisboa, Rio de Janeiro;
  • Gillispie, C. (1970). Dictionary of Scientific Biography. Charles Scribner's sons, New York.
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